segunda-feira, 30 de maio de 2011

Jardim Eldorado sofre despejo forçado

Política de realocações da Cohab no Jardim Eldorado gera incertezas e despejos forçados com cerca de 180 casas – à margem de um córrego de menos de cinco metros
de largura, no Jardim Eldorado – a vila de trabalhadores da Cidade Industrial (CIC), antiga área de ocupação, hoje está conhecendo na pele os problemas da política de realocações da Companhia de Habitação de
Curitiba (Cohab-CT).

Ruína

Desde 2008, a Associação de Moradores, é autora de ação de usucapião coletiva, que garante a posse dos lotes enquanto estiver pendente. No entanto, parece que o pretexto de revitalização do ?rio? é um argumento
que pesa mais na tomada de decisões do Poder Público do que a necessidade objetiva desses trabalhadores e moradores antigos. Isso se mostra com mais clareza quando a realocação, curiosamente, não prioriza quem têm urgência devido à péssima situação das casas, mas enfoca desordenadamente os moradores que não querem a saída e que nunca foram afetados por enchentes ou demais riscos ambientais.

Nesse contexto, cerca de 50 famílias já foram realocadas. As casas têm sido derrubadas e os materiais não são removidos da beira do córrego. Pedaços de madeira e pontas de ferro oferecem risco às crianças e têm se tornado focos de doenças. A proliferação da dengue e de animais transmissores são ameaças concretas à saúde da comunidade. Também não há
informações sobre o cronograma de execução: sem prazos, sem participação popular, de forma humilhante para as famílias.

Em assembléia ocorrida no dia 20 de abril,moradores relatam que indenização e direito de permanência não são palavras mencionadas pela Cohab, e há casos em que aos moradores nem mesmo é indicada outra possível casa em empreendimento da Companhia. Os moradores revelam
indisposição em mudar para uma casa menor, e voltar a pagar prestações,depois de vinte anos assentados no local.

Há menos de um mês, Claudemir Souza Pardinho quase teve sua casa de seis peças derrubada. Sozinho, ele cuidava dos dois filhos e precisou parar o condutor do trator, que tinha a ordem expressa para derrubar a residência vizinha e a sua. ?As paredes de casa trincaram e agora há o entulho. O motorista do trator não sabia que tinha gente morando, disse que a Cohab
liberou para derrubar todas as casas naquele trecho?, narra ele. Além disso, a Cohab garante apenas a relocação da família daquele em que o nome está anotado no cadastro – no caso de Claudemir, somente a família de seu sogro ? impossibilitando a realocação devida de todas as pessoas que vivem em mais de uma família no mesmo lote.

Os moradores já passaram por um cadastramento há quatro anos, organizado pela Associação de Moradores. A Cohab há pouco tempo realizou novos cadastros, mas não contemplou todos os habitantes da região. Um dos
moradores, que em assembléia revela que trabalha em Joinville e não foi inscrito pela Cohab por não estar presente no dia do cadastramento, está em dúvida quanto à situação do seu lote.

Portanto, fica claro que se trata de uma política de realocação que inclui sorteios, falta de informações e de critérios. Um total desrespeito com os moradores, assim como aconteceu nas vilas Iguape I
(Boqueirão), Monteiro Lobato (Tatuquara), Mariana, Esmeralda, Rex e Itamaty (Xaxim) ? casos marcados por processos mal-conduzidos de realocação, falta de transparência e, ainda, pela espera das casas imposta às famílias por anos a fio.

Fontes: Terra de Direitos, jornal Brasil de Fato e jornal Folha do Sabará.

Email:: curitiba@midiaindependente.org


link: http://correiodobrasil.com.br/cmi-curitiba-denuncia-jardim-eldorado-sofre-despejo-forcado/240504/

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