terça-feira, 29 de março de 2011

Dois modelos em disputa no Cerrado: agroecologia e agronegócio

Por Raquel Júnia - Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio

Durante os dias 15, 16 e 17 de março, geraizeiros , quilombolas, indígenas, pesquisadores, agrônomos, comunicadores e militantes de movimentos sociais participaram da Oficina Territorial Diálogos e Convergências do Norte de Minas Gerais, na cidade de Montezuma (MG). A exemplo das atividades já realizadas no pólo de Borborema, na Paraíba, e no Planalto Serrano de Santa Catarina, a oficina teve com objetivo promover um diálogo entre as experiências agroecológicas da região na preparação para o Encontro Nacional de Diálogos e Convergências: Agroecologia, Saúde e Justiça Ambiental, Soberania Alimentar e Economia Solidária, previsto para acontecer ainda no primeiro semestre de 2011.

Os participantes da oficina conheceram no primeiro dia as experiências de duas comunidades - a de Americana, uma área de assentamento, e a de Vereda Funda, cuja população está conquistando o reconhecimento do direito à terra que já ocupam historicamente. A história do assentamento Americana começa com a reivindicação de camponeses da região de que a área seja destinada para a reforma agrária, quando descobrem que a terra estava indo a leilão. Diante da reivindicação, o Incra chegou a avaliar que a terra não poderia ser destinada a assentamento por se tratar de uma área de brejo e, consequentemente, com poucas possibilidades de cultivo.

Na década de 80, o processo de desmatamento da área avançou muito, inclusive para alimentar as carvoarias da região. Mas quem visita hoje o assentamento Americana não entende as considerações do Incra, já que a variedade de alimentos decorrente da produção e do extrativismo é notável. Os camponeses ocuparam a terra em 2000, com a argumentação de que era possível viver e trabalhar ali, e com a ajuda do Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas (CAA NM) construíram um laudo provando o contrário do que o Incra dizia. Um ano depois, o instituto realizou a desapropriação da área e as 76 famílias que hoje vivem no local. Dez anos depois de criado o assentamento, as famílias não receberam sequer o crédito de habitação, para a construção das casas.

Mas a falta de apoio do poder público não intimida alguns assentados, que construíram as casas mesmo sem recursos do governo e exigem que, embora tarde, os recursos públicos venham para os ajudarem a implementar os avanços necessários. O agricultor Aparecido de Souza, diretor da cooperativa Grande Sertão, criada pelos assentados, conta que o assentamento foi criado com uma proposta baseada no modo de vida dos povos tradicionais da região, chamados de geraizeiros, trabalhando o uso e o manejo sustentável do cerrado. Ele diz que os assentados estão tendo que passar por um processo de sensibilização. "Hoje o pessoal está mais sensibilizado, mas não é fácil porque muitos passaram a vida toda morando com fazendeiros e fazendo carvão, então, só sabem fazer carvão", diz.

Os resultados desse processo já são visíveis: passeando pela área é possível ver que bem próximo às árvores típicas do cerrado, como o pé de pequi, estão plantadas várias espécies de milho, feijão, abacaxi, mandioca. Em cima da mesa da casa de Aparecido, onde o grupo que participava da oficina foi recepcionado, estavam à mostra as frutas típicas do cerrado e o aproveitamento delas, como os óleos de pequi e rufão, dois frutos ricos em nutrientes e, especialmente o último, com muitas propriedades medicinais, e também ervas medicinais cultivadas pelos assentados como a carqueja e o pau fede. Como forma de se organizarem, os assentados criaram também o Grupo Extrativista do Cerrado que é responsável por manter viva a concepção do assentamento baseada no agroextrativismo.

A cooperativa Grande Sertão está construindo, com o auxílio técnico e financeiro de outras organizações, uma agroindústria no local, que deve ficar pronta até o mês de julho. A construção já está avançada e a proposta é de que neste local consiga produzir mais e melhor os óleos, farinhas e doces dos frutos do cerrado. Eles planejam que na agroindustria haja espaço também para um banco de sementes e um salão de eventos. Os assentados contam que a estrutura atenderá às famílias do Grupo Extrativista do Cerrado e também de outras comunidades próximas. "Mas para vir terá que trabalhar com agroecologia", alertam os agricultores.

Luta contra a monocultura e pela água em Vereda Funda

O entorno da comunidade Vereda Funda, no município de Rio Pardo de Minas, também no norte de Minas Gerais, está cercado por plantações de eucalipto. Ao todo, os eucaliptos dominam cerca de 15 mil hectares. Até pouco tempo, as terras da comunidade, onde hoje volta a nascer o Cerrado, também serviram à monocultura. Os moradores contam que no final da década de 70, durante a ditadura civil-militar, é que a terra começou a ser ocupada por empresas que plantavam eucalipto. Mas, após alguns anos do cultivo, a população foi percebendo os prejuízos: cerca de sete nascentes secaram totalmente ou não tinham mais força para fazer a água chegar até o Rio, as formigas invadiram os quintais e houve muita erosão - as consequências do monocultivo da árvore. "Passou a faltar água até para fazer comida. Tivemos que tirar água barrenta da cisterna e ela teve que ser coada em pano três vezes antes de ser consumida", lembra o morador da comunidade e diretor do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Rio Pardo de Minas Elmy Soares. Ele conta que a situação se agravou de tal forma que as famílias tiveram que ser abastecidas de água com caminhão pipa.

Diante das dificuldades, a população de Vereda Funda resolveu que daquele jeito não dava mais para continuar. Refletiram conjuntamente que a abundância de alimentos que tinham antes e formas de plantios que passaram de geração para geração, como o cultivo de café sombreado (na sombra dos quintais das casas), estava se perdendo. Muitos moradores antigos da região já tinham ido embora do lugar e até um rio (o rio da Ponte Grande) havia secado. Com a ajuda de pesquisadores e organizações como o CAA, conseguiram saber que o contrato que a empresa plantadora de eucalipto tinha feito com o governo do estado estava terminando e iniciaram uma grande batalha para retomar a terra que era deles há mais de um século. "Uma hora nós pensamos: estamos aqui só rezando e o que vamos fazer? Descobrimos que o contrato vencia em 2003 e que a terra era do estado, então era mais fácil. Aí já tinham cortado o eucalipto, estavam começando a plantar de novo e tínhamos que impedir", relata Elmy.

Daí em diante os moradores começam a se organizar mais fortemente,e a receber ajuda de movimentos sociais como o MST. Depois de alguns anos de mobilizações, audiências públicas e ocupações, conseguiram a terra de volta. Pelo relato de Elmy é possível perceber que o processo não foi fácil. "Construímos um grande rancho de pindoba, muito bonito, para fazer as reuniões, mas tacaram fogo no rancho. Construímos de novo e, pela segunda vez, colocaram fogo. Por fim, desistimos e fizemos as reuniões em uma casa mesmo", lembra.

Apenas quatro anos depois, em 2009, é que a Assembléia Legislativa de Minas Gerais aprovou uma lei que destina partes das terras da comunidade Vereda Funda para o Incra. Posteriormente, a área deve virar um assentamento para a população que lá reside, o que não aconteceu até hoje. Mas mesmo sem o título de propriedade da terra, os moradores de Vereda Funda já começaram a trabalhar para que o Cerrado volte a nascer na região, embora reconheçam que ainda há muito trabalho pela frente. Foram os próprios camponeses de Vereda Funda que demarcaram a terra que é deles há muitos anos.

Apenas parte do que foi reconhecido como área total da comunidade foi destinada a eles. Das terras da Vereda Funda, onde os moradores também estão construindo uma sede para ajudar no beneficiamento da produção, é possível ver o contraste entre a área de cerrado que já está crescendo e a monocultura do eucalipto, bem próxima dali. Um exemplo da regeneração do bioma é a quantidade de animais que voltou a aparecer - pacas, tatus e até lobo guará, que tipicamente habitam o cerrado. Elmy explica que há "bicho até demais", porque a Vereda Funda agora é praticamente o único lugar da região que oferece a biodiversidade necessária para estes animais sobreviverem.

O agricultor relata que com os anos de plantação de eucalipto o desenvolvimento dos cultivos ficou prejudicado, pois há excesso de formigas e a terra sofreu muita erosão."O nosso sonho maior de recuperar as nascentes já está acontecendo. Todas elas já tem água de novo. As chácaras de café estão voltando e a maioria das famílias já vende de novo um pouquinho de café", relata o agricultor, orgulhoso. Arcilo dos Santos, também geraizeiro da Vereda Funda, conta que naquele mesmo dia havia plantado várias sementes de Ingá - uma arvore grande - para "sombrear" toda a área dele e expandir o cultivo do café sombreado. Ele também comemora a volta da água: "Não vai ter mais aquele ‘aguão' disparado que tinha antes, mas a água vai voltar", completa, no jeito de falar dos geraizeiros.

EPSJV-Fiocruz/EcoAgência

Via Campesina e Fetraf criticam propostas de Aldo Rebelo para o Código Florestal

Por Mayra Silva Lima, da Câmara dos Deputados

Nesta terça (29/3), representantes da Via Campesina e da Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar (Fetraf) farão o lançamento de sua plataforma acerca do Código Florestal. As entidades também se posicionarão em relação ao relatório do deputado federal Aldo Rebelo (PC do B- SP). A atividade será às 17h, no plenário 15 da Câmara dos Deputados, em Brasília.

Para o deputado federal Valmir Assunção (PT-BA), a participação dos movimentos camponeses e da agricultura familiar no debate é fundamental diante da importância dos pequenos agricultores na conservação do meio ambiente e na produção de alimentos saudáveis. “O relatório proposto não atende às necessidades deste setor. É a pequena agricultura que abastece a mesa do brasileiro e garante a sustentabilidade ambiental do Brasil. Não podemos permitir que o agronegócio destrua ainda mais nosso meio ambiente. Basta ver os sinais que a própria natureza já nos dá”, disse Valmir.

Para a Via Campesina e a Fetraf, a conservação da natureza não é incompatível com a produção de alimentos e entendem que as áreas florestais são fonte importante de diversidade produtiva. “Elas fornecem alimentos tradicionais, plantas medicinais, madeira para lenha, ferramentas e construções e uma série de produtos que ajudam na renda dos agricultores”, afirmam através de carta.

Serviço:
Plataforma da Agricultura Camponesa e Familiar sobre o Código Florestal.
Quando: Plenário 15- Câmara dos Deputados
Horário: 17h

Veja a carta na íntegra:

A mudança do Código Florestal brasileiro é hoje uma das principais pautas políticas de nosso país. Em uma época de crise ambiental, climática e alimentar, a sociedade tem acompanhado e se manifestado a respeito das propostas que estão sendo apresentadas. A Via Campesina, articulação de movimentos de camponeses, mulheres, sem terras, indígenas, estudantes e pescadores, e a Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar – FETRAF – ambas as entidades nacionais representativas do campo brasileiro, também estão profundamente envolvidas no debate sobre o Código Florestal.

Para nós a conservação da natureza não é incompatível com a produção de alimentos. Temos claro que a destruição do meio ambiente prejudica primeiramente o agricultor familiar e camponês, que terá sua terra prejudicada com a erosão, a falta de adubação natural, a perca de nascentes e de predadores naturais. Diferente do agronegócio que pode destruir a terra que usa e, depois, ir embora grilar outras terras, nós, agricultores e agricultoras familiares e camponeses temos uma relação histórica com nossas terras. Sem elas, somos empurrados para as cidades.

A Via Campesina e a FETRAF entendem também que as áreas florestais são fonte importante de diversidade produtiva. Elas fornecem alimentos tradicionais, plantas medicinais, madeira para lenha, ferramentas e construções e uma série de produtos que ajudam na renda dos agricultores.

Por isso, nós estaremos lançando, no dia 29 de março, terça-feira, uma posição unificada sobre as alterações do Código Florestal. É uma posição que visa o seu aperfeiçoamento e não sua destruição, como faz a proposta da bancada ruralista, escrita pelo deputado Aldo Rebelo. Para nós todas as áreas florestais devem ser conservadas e, onde foram desmatadas ilegalmente, devem ser recuperadas. Consideramos crucial que o Estado brasileiro – principalmente o Governo Federal – assuma de fato o debate ambiental como prioritário, e crie uma série de políticas públicas (assistência técnica, fomento, crédito, garantia de preço e de comercialização) que possibilite ao agricultor familiar e camponês a gerar renda de suas áreas florestais.

Os agricultores familiares e camponeses organizados pela FETRAF e pela Via Campesina assumem a sua responsabilidade com o planeta e com a sociedade brasileira. É uma tarefa difícil, que requer o empenho dos movimentos sociais, sindicatos, governos e sociedade urbana. Mas é crucial para a sobrevivência de todos e todas. Nós dizemos não ao projeto do deputado Aldo Rebelo e a todas as propostas que se associam a ele! A agricultura familiar e camponesa pode continuar a abastecer a mesa do brasileiro e garantir a sustentabilidade ambiental de nosso país!

FETRAF: FEDERAÇÃO DOS TRABALHADORES E TRABALHADORAS DA AGRICULTURA FAMILIAR

VIA CAMPESINA: MST, MMC, MAB, MPA, FEAB, CIMI, PJR, CPT, Movimento dos Pescadores e Pescadoras, ABEEF.


http://www.ecoagencia.com.br

quinta-feira, 24 de março de 2011

Agroecologia pode dobrar produção de alimentos em 10 anos


Por: Maurício Thuswohl, especial para a Rede Brasil Atual

Agroecologia pode dobrar produção de alimentos em 10 anos

Olivier de Schutter defende que métodos agroecológicos são mais eficazes que os agrotóxicos (Foto: Jean-Marc Ferré. Nações Unidas)

Rio de Janeiro – Ao mesmo tempo em que a alta mundial no preço dos alimentos atinge seu maior patamar em duas décadas e dá força redobrada ao fantasma da fome que persegue as populações pobres dos países economicamente mais vulneráveis, um informe da Organização das Nações Unidas (ONU) afirma que a agroecologia pode duplicar a produção alimentar nos próximos dez anos. Divulgado na terça-feira (8) pelo Alto-Comissariado de Direitos Humanos, o documento que, segundo a ONU, foi embasado por “uma exaustiva revisão da literatura científica mais recente”, defende a agroecologia como “meio para incrementar a produção alimentar e melhorar a situação dos mais pobres”.

Os estudos que embasaram o informe foram coordenados pelo belga Olivier de Schutter que, desde 2008, é relator especial da ONU sobre direito à alimentação: “Para poder alimentar a nove bilhões de pessoas em 2050, necessitamos urgentemente adotar as técnicas agrícolas mais eficientes conhecidas até hoje. Neste sentido, os estudos científicos mais recentes demonstram que ali onde reina a fome, especialmente nas zonas mais desfavorecidas, os métodos agroecológicos são muito mais eficazes para estimular a produção alimentar do que os fertilizantes químicos.”

De acordo com os casos relatados no documento da ONU, projetos agroecológicos desenvolvidos nos últimos anos em 57 países em desenvolvimento registraram um rendimento médio de 80% em suas lavouras. Isso significa, por exemplo, um aumento de 116% na média de todos os projetos desenvolvidos na África. “Os projetos mais recentes levados a cabo em 20 países africanos demonstraram que é possível duplicar o rendimento das lavouras em um período de três a dez anos”, afirma Schutter.

A ONU afirma que o modelo agrícola dominante, baseado nas monoculturas e na utilização massiva de agrotóxicos, fertilizantes e outros insumos, “já demonstrou não ser a melhor opção no contexto atual”, além de acelerar o processo de aquecimento global. “Amplos setores da comunidade científica já reconhecem os efeitos positivos da agroecologia sobre a produção alimentar no que se refere à redução da pobreza e à mitigação dos efeitos das mudanças climáticas”, afirma o documento.

Menos agrotóxicos

O relatório divulgado pelo Alto-Comissariado de Direitos Humanos da ONU também dá destaque aos países que diminuíram consideravelmente a utilização de agrotóxicos nos últimos anos. São citados no documento países como Indonésia, Vietnã e Bangladesh, que reduziram em até 92% o uso de agrotóxicos na produção de arroz, que é o alimento básico das populações camponesas desses países.

Outro exemplo citado no relatório é o do Malauí, país que era grande consumidor de produtos agroquímicos e agora faz sucesso com a transição para um modelo agroecológico. Segundo a ONU, essa transição já tirou da extrema pobreza 1,3 milhões de pessoas, além de aumentar o rendimento das lavouras de milho do país de uma para três toneladas por hectare. “O conhecimento substituiu os pesticidas e fertilizantes”, comemora Olivier de Schutter.

O relator especial da ONU sobre o direito à alimentação afirma que o Estado tem um “papel fundamental” a cumprir no fortalecimento da agroecologia. “As empresas privadas não investirão tempo e dinheiro em práticas que não podem proteger com patentes e que não pressuponham uma abertura dos mercados para novos produtos químicos ou sementes melhoradas”. Schutter também exortou os Estados a darem maior apoio às organizações camponesas que, segundo ele, “demonstraram uma grande habilidade na hora de difundir as melhores práticas agroecológicas entre seus membros”.

http://m.redebrasilatual.com.br/

terça-feira, 22 de março de 2011

Seminário discute os direitos das comunidades quilombolas

O Núcleo de Parlamentares Negros promove hoje seminário sobre “Os direitos dos Quilombolas no Ordenamento Jurídico Brasileiro e Internacional”. No encerramento, será lançada a Frente Parlamentar Mista da Igualdade Racial em Defesa dos Quilombolas.

O seminário também vai debater o cumprimento do Decreto 4.887/03, que regulamenta os procedimentos para identificação, reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação das terras ocupadas por remanescentes das comunidades dos quilombos.

O deputado Domingos Dutra (PT-MA) coordenará um painel sobre os direitos adquiridos dos quilombolas. Para esse debate foram convidados o advogado-geral da União (AGU), Luís Inácio Adams; o consultar jurídico do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) André Augusto Dantas Motta Amaral; o coordenador do Núcleo de Cultura e Sociedades Amazônicas da Universidade Estadual do Amazonas, Alfredo Wagner Berno de Almeida; e o coordenador-executivo da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), Ronaldo dos Santos.

O segundo painel, a ser coordenado pelo deputado Luiz Alberto (PT-BA), abordará as implicações práticas do Decreto 4.887/03 nas políticas públicas para comunidades quilombolas. Foram convidados o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho; a ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Luiza Bairros; a secretária de Segurança Alimentar e Nutricional do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Maya Takagi; o diretor de Proteção ao Patrimônio Afro-Brasileiro da Fundação Cultural Palmares, Maurício Reis; e o professor da Universidade Federal do Pará Girolamo Treccani.

O seminário será realizado entre 9 e 17 horas no plenário 2.

Da Redação/WS

Bancada ruralista emperra titulação de terras de quilombolas, diz deputado

De acordo o Ministério do Desenvolvimento Agrário, existem 996 processos em análise

A falta de vontade política e a oposição de alguns segmentos da sociedade, como os ruralistas, têm atrapalhado o processo de titulação de comunidades quilombolas, segundo opinião do deputado Luiz Alberto (PT-BA).

– Há uma resistência por parte de um setor forte do ponto de vista econômico, o dos grandes proprietários de terras. A chamada indústria turística também dificulta a vida das comunidades que habitam o litoral brasileiro. Cabe ao Estado cumprir a legislação para superarmos essas adversidades – afirmou nesta terça, dia 22, em seminário sobre os direitos dos quilombos realizado pela Câmara dos Deputados.

De acordo com o consultor jurídico do Ministério do Desenvolvimento Agrário, André Augusto Amaral, existem 996 processos para titulação de terras de comunidades quilombolas em análise. Até agora, de 2003 a 2011, foram tituladas 75 terras pelos governos federal e estaduais.

Amaral ressaltou que devem ser considerados quilombolas os descendentes de escravos e grupos formados pós-abolição. Pelo decreto 4.887/03, o Executivo pode desapropriar terras para fazer as titulações e o reconhecimento dos grupos é feito por autodenominação. Os beneficiários recebem os terrenos coletivamente e não podem vendê-los ou dá-los em garantia.

CÂMARA DOS DEPUTADOS